O senhor Manuel Borges de Azevedo é descrito como um homem sério, justo e respeitável. Há trinta anos no funcionalismo público, Manuel é um pai emocionalmente distante e pouco afetivo. É ele quem toma a decisão de, após mais um escândalo protagonizado pelo filho, expulsar Cassi de casa. Decisão esta que foi atenuada pela esposa, D. Salustiana.
“Era homem de pouca altura, trazia a cabeça sempre erguida, testa reta e alta, queixo forte e largo, olhar firme, debaixo do seu pince-nez de aros de ouro. Conquanto alguma coisa obeso, era deveras um velho simpático e respeitável; e, apesar da sua imponência de antigo burocrata, dos seus modos um tanto ríspidos e secos, todos o estimavam na proporção em que seu filho era desprezado e odiado. Tinham até pena dele, confrontando a severidade de sua vida com a crapulice de Cassi.”
No capítulo final (contém spoilers do capítulo 10), quando Manuel se depara mais uma vez com o estrago feito por Cassi, ele se emociona e pede perdão à Clara, admitindo que não possui autoridade alguma sobre o filho, e declarando não poder fazer nada pela garota. Essa explosão emocional de um homem que se mantém distante revela o sofrimento que as ações do filho lhe causam, mas também a profunda impotência diante das ignomínias advindas de Cassi.
- Minha filha, eu não te posso fazer nada. Não tenho nenhuma espécie de autoridade sobre "ele"... Já o amaldiçoei... Demais, "ele" fugiu e eu já esperava que essa fuga fosse para esconder mais alguma das suas ignóbeis perversidades... Tu, minha filha, te ajoelhaste diante de mim ainda agora. Era eu que devia ajoelhar-me diante de ti, para te pedir perdão por ter dado vida a esse bandido - que é o meu filho... Eu, como pai, não o perdoo; mas peço que Deus me perdoe o crime de ser pai de tão horrível homem... Minha filha, tem dó de mim, deste pobre velho, deste amargurado pai, que há dez anos sofre as ignomínias que meu filho espalha por aí, mais do que ele... Não te posso fazer nada... Perdoa-me, minha filha! Cria teu filho e me procura se...
Não acabou a frase. A voz sumiu-se; ele descaiu o corpo sobre a cadeira e os olhos se foram tornando inchados.” (grifos nossos)